domingo, 6 de setembro de 2009

“Santo” Hamilton Naki

Hoje meu post será dedicado á um amigo muito querido, que me deu tal sugestão. Ao ler o tema, fiquei muito interessada, e de antemão lhe agradeço pela contribuição. Zeca, este post será escrito em sua homenagem.

Alguém conhece a história de um homem que participou decisivamente de um dos momentos mais importantes da História da medicina, ou mesmo já ouviu falar dele? Meus caros, lhes apresento Hamilton Naki: Um negro sul-africano que, como cirurgião, participou do primeiro transplante de coração do mundo, ocorrido no “Groote Schuur Hospital”, na África do Sul, em 1967. Faleceu em 2005 com 78 anos... Na época, sua morte não foi estampada nos principais jornais, muito menos de seu país, mas sua história e a revolução por ele causada foi uma das mais importantes do século XX. Entenda agora o motivo pelo qual ele é considerado um ‘herói’.

Naki era um grande cirurgião. Foi o responsável por retirar do corpo da doadora o coração transplantado para o peito de Louis Washkanky, em dezembro de 1967, na cidade do Cabo-África do Sul. Esta foi a primeira operação de transplante cardíaco humano bem-sucedida. O coração doado tem de ser retirado e preservado com o máximo de cuidado, sendo um trabalho delicadíssimo. Christiann Barnard, o chefe da equipe, não podia referir-se à Naki e sua participação na cirurgia porque ele fazia parte da equipe na condição de ‘clandestino’. Então, cirurgião-chefe do grupo tornou-se uma celebridade instantênea. Naki era talvez o homem mais importante na equipe, porém há outro motivo pelo qual ele não aparecia: ele era negro no país do apartheid. O salário por ele recebido era como se fosse de um técnico em enfermagem.

Na única foto que apareceu, por descuido de um fotógrafo desavisado, na equipe de Barnard, sua imagem foi justificada como sendo de um empregado da limpeza. Naki usava jaleco branco e máscara, mas jamais estudara medicina ou cirurgia.Ele nasceu em 26 de junho de 1926 e morreu em 29 de maio de 2005, após ser aposentado como jardineiro, com um salário de U$ 275 dólares.

Morava num casebre sem água e luz na periferia da Cidade do Cabo e jamais reclamou por ser tratado deste modo por causa de sua raça.

Ele foi obrigado a largar a escola aos 14 anos para trabalhar, mas procurou ficar próximo aquilo que era o seu sonho, a medicina. Conseguiu então um emprego para cuidar do chiqueiro e logo depois de jardineiro na Escola de Medicina da Cidade do Cabo. Como era muito curioso, aprendia tudo e depressa se tornando o “faz-tudo” na clínica cirúrgica da escola, onde os futuros médicos treinavam as técnicas de transplante em cães e porcos.

Foi assim que ele aprendeu a cirurgia, assistindo experiências com animais. Tornou-se um cirurgião excepcional, a tal ponto que Barnard requisitou-o para sua equipe. Mas como? Isso era uma quebra das leis sul-africanas. Por ser negro, não podia operar pacientes nem tocar no sangue de brancos. Mas o hospital abriu uma exceção para ele.

Era o melhor no que fazia, dava aulas aos estudantes brancos, mas ganhava salário de técnico de laboratório, o máximo que era permitido por lei pagar a um negro.
Ao passar do tempo, desenvolveu uma incomum habilidade para os procedimentos médicos, como suturas e cuidados pós-operatórios. Sua técnica chamou a atenção e ele virou técnico, ajudando em cirurgias e em pesquisas em transplantes de rins, coração e fígado, até se tornar um cirurgião de renome, sem nunca ter sentado em um banco de faculdade de medicina.
Atreavés da Wikipédia descobriu-se que : “Naki aposentou-se em 1991 como jardineiro. Com o fim do apartheid, recebeu, em 2002, como reconhecimento pelo seu trabalho, a Ordem Nacional de Mapungubwe. Em 2003 recebeu um diploma honorário em medicina pela Universidade da Cidade do Cabo. Aposentado, Naki continuou trabalhando como cirurgião em um ônibus adaptado como clínica móvel até morrer”.


"Enquanto a cor da pele for mais importante que o brilho dos olhos, haverá guerra."



8 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Que grande exemplo, bela mensagem... mas talvez hoje em dia o preconceito só serve para mascarar a verdadeira causa das "guerras", a ambição do homem por poder.

Ps.: Com você escrevendo desse jeito ae, dá até vergonha de comentar. =s

Allan.

Anônimo disse...

Excelente.

jctenaglia disse...

Gostei muito, foi clara, clean, minha já jornalista favorita, parabens e obrigado.
Devemos valorizar quem merece, sem preconceitos.

Anônimo disse...

E o que isso contribui em meus conhecimentos? SANTO CIRUGIÃO?
¬'

Anônimo disse...

Infeliz no assunto abordado!

Nanäieh (Sol) disse...

à todos dou o direito de opinar em meus posts, por este fato não apagarei os comentários acima escritos. Porém, peço que verifiquem a 'grafia' ao escrever "CIRUGIÂO" - com maiúscula ainda.

Agradeço a todos os visitantes que contribuem positiva ou negativamente, pois é sinal de que meu objetivo está sendo alcançado.


NAMASTÊ.