sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Tintura da Parede Descascada


Eu não escrevo pra ninguém e nem para fazer volume. Muito menos para preencher o branco desta página. Eu me invento escrevendo, bem como me entendo. E vejo tudo sem vaidade, com ânsia de escrever. Só tem eu e esta tela, eu e este branco, eu e este vazio. Eu...

Ele me assombra por vezes, me revelando o que não sei. Me faz ver aonde não há nada, e me abre a mente para uma série de recordações e pensamentos. Eu gosto do branco, mas não genuinamente do “branco”. Gosto do que ele representa pra mim, gosto das idéias que ele me faz ter. Gosto da oportunidade concebida. Da realidade. Do eu. Da tela. Do branco. Das letras. Do símbolo. Do significado. Gosto do gosto de gostar.

Por mais que eu tente, são só palavras. Por mais que eu me mate, são só palavras.

E aos poucos este branco vai sendo preenchido, tomando lugar a formas, a letras, a sons, ruídos, gestos, significantes, significados, aromas, cores, tons, gemidos, tambores.

Este é o meu som.

Esta tela me encara, o silêncio me envolve. Eu e o toque do teclado. Eu e a janela,lá fora o frio.Eu e minhas caretas. Eu. O som em minha memória vindo do seu riso, e o abraçar que hoje me apetece. Café. Telefone. Café. Chamando...não eu.

O casaco jogado na cadeira, o celular que não tocou, e a bolsa intacta ao meu lado - Eles não sabem o que eu desejo escrever.

O papel amassado, pó no chão agora pisado, banana madura não descascada.

Eu sei. Eles sabem.



– EU TE CONVIDO ?