quarta-feira, 21 de outubro de 2009

As Cicatrizes



Neste post abordarei de um assunto que antes jamais tratei: Cicatrizes. Parece pesado, e até meio “deprê”, mas creio que não seja por aí… ou talvez seja… ah, sei lá.

Bom, o fato é que ao longo da vida vamos colecionando cicatrizes, algumas internas que só a gente sabe, outras externas que não temos como escondê-las. A verdade é que esse processo vem lá de longe, desde os tempos de criança quando caímos e batemos a cabeça no canto da mesa, caímos de patins ou mesmo pulando corda.

Brincadeiras à parte, algumas cicatrizes vem de lá mesmo. Mas não quero aqui falar de crianças e traumas de infância, sei que eles existem, Freud cansou de falar sobre isso e acho que ele já disse tudo – e quem sou eu para completá-lo. Algumas bobagens monstruosas, mas também falou coisas interessantes.

Passemos para a adolescência. Em minha opinião, algumas das piores marcas que trazemos surgem nessa fase, onde nos entendemos por gente. Para certas pessoas a adolescência é um verdadeiro inferno, rebeldia sem causa, transgressões sem fundamento, enfim, é um período meio doido. Acho que vou pular essa parte, afinal, não caberia relatar nada de meu passado próximo (falou a jovenzinha). Vamos para a fase adulta.

Na opinião de vocês, qual é a maior fonte produtora de cicatrizes, o amor, família, amigos…?

Eu misturaria tudo. Tenho marcas aqui dentro provenientes de todas essas “fontes” aí de cima. Mas nada que me faça lamentar não, acho que de tudo o que vi e recebi aprendi um pouco, aprendi a me conhecer e a tentar evitar que essas marcas fossem repetidas. Notem que eu disse tentar, o que não quer dizer… conseguir.

Mas eu tento sim com todas as minhas forças e tenho um grande aliado nesse processo, um grande problema que, apesar de problema, me ajuda muito: A cicatrização. Não só literalmente, mas eu sempre tive esse problema, uma ferida por vezes demora para cicatrizar. Manter a ferida aberta ajuda a não permitir que uma nova ferida do mesmo tipo apareça.

Sendo bem sincera, algumas coisas que doeram muito um dia eu já esqueci. Esqueci ao ponto de não lembrar o “porquê” de eu estar triste. As vezes até gosto destas falhas de memória que tenho. Em casa eu brigo, e em cinco minutos estou bem. Pode até soar como 'dissimulada', mas não é o caso. Bloqueios, como queiram interpretar. Além deste fato ‘master plus’ sou também vingativa. Dou algumas desculpas mas isso não cola muito não. Sem problema, eu assumo numa boa esse lado negro da força. Opa, desculpem, vou reformular a frase: Assumo esse lado "Afro-descendente" da força. (Não quero parecer racista nem politicamente incorreta)

Feio admitir isso em público, podem me achar louca. Antes de me julgar, pense aí, você não se vinga das coisas que te fazem? De nenhuma forma? Como pode alguém deixar passar em branco as coisas ruins que sofrem? Eu não entendo, mas respeito, cada um age de um jeito, mas uma coisa eu falo, o mundo já tá cheio de impunidade.

Existe também o outro lado da moeda, coisas que fazemos, cicatrizes que provocamos nos outros e que fazem um mal danado a eles. Então… a vida é assim mesmo, no universo das relações humanas há sempre alguém machucando alguém. É assim que a roda gira. Não há nesse mundo alguém que passe batido pela vida sem machucar e se machucar. Faz parte do esquema, faz parte do jeito… humano de ser. E não queria que fosse assim.

Tentar apagar as marcas é uma tarefa árdua e nem sempre somos bem sucedidos nisso, há que se tentar, pelo menos tentar viver com elas. Ontem, enquanto escrevia parte deste texto pensava nas marcas que apaguei, nas que não apaguei e aí me veio uma pergunta na cabeça:

- O que é mais fácil, esquecer alguém que te fez mal ou esquecer o mal que alguém te fez?

Eu não gosto de magoar as pessoas, ainda mais se eu realmente me importo com elas. É como o princípio de Kant, e agora mais do que nunca pretendo usá-lo: “Agir de modo que o que faço possa ser convertido em lei universal.” Aproveito este post para me desculpar com as pessoas que amo, e magoei.

Como não podia deixar de ser, meu Id e meu Superego apareceram para me “ajudar” a responder a esta indagação anterior. Depois de muita “briga”, cheguei à conclusão que é mais fácil esquecer o mal.

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