quarta-feira, 3 de março de 2010

A que Mundo Pertenço?

Este texto em verdade seria sigiloso. Porém, a pessoa para qual o destinei sentiu necessidade de que eu o publicasse. Então, dedico-o para a pessoa dos mais belos olhos.

[...]
E então, meu olhar se vê fixo em um rosto sereno e silencioso, mas ele não me é indiferente. Há algo nele que me chama a atenção, algo nele me perturba. No fundo, parece questionar-me, afinal, quem sou. Porque errei tanto, porque fui quem eu não gostaria de ser, porque tanto me puni. E então, tive coragem para encará-lo. Voltei-me diretamente para as pupilas, e então percebi o pq daquele rosto tanto me perturbar.

Estava olhando para alguém como eu. Que pensa diferente, que não faz parte deste mundo.

Quantas felicidades existem? Quando um rosto sorridente dirá a mais sincera verdade: “meu Deus, estou só, olhem para mim!” Até quando?

Por vezes, noto em mim tamanho desequilíbrio que não sei como me portar. A rotina desgastante por um pouco de dinheiro. A falsidade e a falta de caráter de algumas pessoas. Os olhos sérios e já esgotados dos mais velhos. Esquinas frias, duras e cinzentas. O morador de ruas frente a uma caixa vazia de sapatos, pedindo ajuda (R$). Vantagens, poder, corrupção, mediocridade. O “amor obrigado”. Amor? Não, obrigado.

Ter um jeito correto de pensar e agir me aterroriza. Perde-se liberdade pelo fato de eu não pensar igual e não ser aceita se não pensar como os outros. Palavras de intenso significado agora possuem sentidos miúdos, tornam-se pequenas e insignificantes.

Há espaço ainda para o olhar romântico? A liberdade de expressão? A espontaneidade? Quero ter um mundo em que somente estejam estas pessoas. Por onde andarão elas?

E então, volto-me novamente para aquele rosto silencioso, doce e ao mesmo tempo perturbador que não me era indiferente. Havia nele luz distinta e inexplicável, que me dizia que ele também chegou a ficar perturbado com minha presença. Afinal, ali era estava uma identidade que se deixou perceber.

Aqui e ali encontro pupilas assim: leais - porém questionadoras; ambiciosas,contudo generosas; doces mas com um saboroso tempero picante. No fundo, somos todos almas sedentas das mais puras e desejáveis emoções, mas diminuídas por este mundo mediano que não nos pergunta a cota necessária para a sobrevivência. É quando encontro esses olhos que vejo que eu não estou só. E estes são os mais belos olhos que já vi.

3 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Além dos da autora, nao conheço tais olhos.
Porém, digo sim! Um talento desses nao pode ficar oculto.
=o

Allan.

Anônimo disse...

voce escreve muito bem,menina!