segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Polícia que Mata



Acabo de concluir a leitura de mais um livro este ano, gerando novo recorde. Este livro, contudo, não foi escolha minha. Confesso que foi uma “leitura sob pressão”, mas pude compreender algumas coisas que até então não eram de meu conhecimento.

Durante a leitura do livro ROTA 66, escrito após sete anos de investigação realizada pelo jornalista Caco Barcellos, alguns conceitos acabam por se desfazer devido a tamanhas injustiças, comprovadas por reais investigações de tal processo desde o recebimento da informação do crime até a chegada dos policiais no local, além de tudo o que vem depois... sim, o pior de tudo é o “após”.

O perfil do “criminoso” perseguido pela Rota era sempre o mesmo: indivíduo pardo, de família humilde, trabalhador. Vítimas desarmadas, indefesas, apavoradas com a perseguição policial, amedrontadas com os tiros inconsequentes disparados e, enfim, mortas, com traços de crueldade, já que o número dos disparos foi muito além do necessário para o homicídio. Foi o cenário que Caco construiu em sua obra, que já esteve na lista dos mais vendidos do Brasil por mais de um ano.

Brasil, retrato de um país com mais de 55 mil crimes de morte por ano. 12 mil mortes inocentes foram originadas pela Polícia militar de São Paulo, responsável por 12 mil mortes inocentes. E, por mais incrível que pareça, 97% das pessoas encarceradas e torturadas brutalmente têm um rendimento inferior a 50 reais/mês.
Durante a pesquisa do autor, ficou comprovado que o número de vítimas (um saldo de 7.500) foi superior ao número de soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra Mundial (454) e da Guerra dos Farrapos ( cerca de mil).

Chega a ser inacreditável, tamanha insanidade. Como acreditar que a Polícia Militar mata pessoas por desconfiança, sem menor envolvimento com o crime, sendo muitos até menores de idade, pré-adolescentes? O porquê destas mortes até hoje não possui explicação, fruto de uma mentalidade doentia de policiais que desmerecem a própria farda.


"Eu gostaria que o livro Rota 66 fosse uma página virada. Infelizmente, eles continuam agindo de forma semelhante. Ainda não é uma página virada" - Caco Barcellos.

Um comentário:

Marcelop4 disse...

oi achei su blog e adorei o conteudo...parabens